Inspirada na estética romântica dos anos 1980, permeada por músicas envolventes e cenários extravagantes de videoclipes, pensei em uma pintura que brinca a fronteira entre passado e futuro. Neste trabalho, um prédio, com uma decoração intensamente sensual, observa e julga com uma malícia perceptível um casal ansioso por experimentar os prazeres oferecidos por seu estabelecimento.
Denominei minha última obra de 2023 como "Otel", uma expressão artística que captura a essência de jovens que, movidos por uma mistura de curiosidade e desejo, correm com uma certa timidez em direção a um motel. Este local, conhecido por proporcionar privacidade aos seus frequentadores, é permeado por tabus, especialmente quando se trata daqueles que adentram sem a tradicional presença de um veículo.
A cena retratada em "Otel" é impregnada de adrenalina, onde o casal, com vergonha de ser observado, embarca em uma jornada de autoexploração e descoberta da sexualidade. O ambiente, típico de estabelecimentos desse tipo, exibe uma extravagância kitsch, alinhada com as decorações exageradas dos clipes românticos previamente mencionados.
A obra busca capturar o momento inaugural da sexualidade, destacando a emoção da descoberta pessoal, enquanto o cenário provocativo e os elementos estilizados evocam a atmosfera ousada e sedutora dos anos 1980. "Otel" convida o espectador a refletir sobre a dualidade entre o passado e o presente, explorando temas íntimos através de uma narrativa visual.